A utilização no dia a dia do nome Baco em latin Bacchus dentro do mundo dos vinhos, pode causar até certa confusão aos que ouvem ou leem as inúmeras headlines, e que não fazem parte deste universo vínico. Mas a verdade é que os amantes do vinho, os conhecidos Bacolovers, são verdadeiros devotos não da entidade do deus em si, mas dos ensinamentos que a mitologia greco-romana nos deixaram sobre essa bebida tão fabulosa e cheia de benefícios para saúde que é a bebida de Baco, o vinho.
O ritual à Baco
Baco era o deus do vinho e das vinhas para os romanos, o culto a esse deus começou a ter importância para os povos romanos por volta do ano 200 A.C.. O ritual à ele era chamado de bacanal ou em Latin bacchanalia. Além de ser o deus do vinho, ele também era o da natureza, das festividades, da alegria, da fertilidade, dos excessos, do prazer, do teatro, do lazer, da folia … ufa , parece que ele carregou muitas atividades, só sendo um deus mesmo para tantos afazeres.
O ritual no início, ocorria poucas vezes no ano e era totalmente realizado por mulheres, chefiado pelas bacantes, espécies de ‘discípulas-sacerdotisas’ da divindade. Contudo o ritual sofreu alterações permitindo que os homens participassem e começou a ocorrer em mais vezes ao ano. As festas se tornaram famosas pelos mais variados tipos de excessos, sobretudo os sexuais. E que posteriormente vieram a ser proibidas no ano 186 A.C.. Muitas dessas pessoas que participavam das festividades foram perseguidas e mortas e seus templos destruídos. Li num relato de um estudioso em história que essa pode ter sido a primeira perseguição religiosa da Europa.
Na atualidade as reuniões entre amigos ou familiares contendo a bebida de Baco como plano de fundo se tornaram parte do cotidiano das pessoas, algo até corriqueiro. Existem também diversos grupos de provadores ou pessoas que amam o vinho os “bacolovers-enófilos” que se encontram em reuniões chamadas Confrarias Vínicas e que nesses momentos a atenção ao serviço e a qualidade do vinho são mais especiais, nesses ,muitas vezes são só de homens, outras só de mulheres e inúmeras outras que os gêneros se misturam mas o que há em comum em todas é o prazer em degustar bons vinhos e o incentivo a cultura vínica.
A História de Baco
A sua história mitológica greco-romana tem inúmeros episódios. Baco era filho fruto do adultério do deus Zeus com a mortal princesa tebana Sêmele. Pois bem, quando a esposa de Zeus, a Hera soube da traição de seu marido, se encheu de ódio e se vingou convencendo a sua rival Sêmele a pedir para Zeus que aparecesse para ela como o deus grandioso que ele era, pois Hera sabia que isso mataria a amante.
O que Hera não sabia era que Sêmele estava grávida de Zeus. Então, o grandioso deus do Olímpio Zeus conseguiu salvar o feto, costurando em sua própria coxa para terminar de gerar o seu filho. Quando o menino nasceu, a raiva de Hera não cessou, e na tentativa de protegê-lo, Zeus o enviou para ser criado na Índia.
Já quando estava adulto há duas teorias sobre Baco:
Teoria Romana : Nesta mitologia ele sozinho apaixonou-se pelas vinhas e descobriu como extrair o suco da uva e transformá-lo em vinho. A esposa de seu pai ainda enfurecida jogou uma praga e o transformou num louco vagante. A história relata que ele só foi curado quando chegou em terras Frígia em latim, Phrygia ( atual Turquia ) e teve contato com a “mãe dos deuses”, Cibele, ela o iniciou em seus rituais religiosos. Mas tarde quando a ele volta a sanidade, ele fez uma longa viagem disseminando a cultura da vinha e os seus inúmeros conhecimentos com os povos por onde passava.
Teoria Grega : Já para os povos gregos Baco teve um grande professor e amigo, Sileno, e a história conta que juntos transmitiram tudo o que sabiam sobre a produção de vinho por onde passaram.
Independente da teoria escolhida em acreditar sabe-se que os gregos o adotaram e o chamavam de Dionísio e os romanos da mesma forma e o chamavam de Baco, como muitas de suas divindades. Ele na verdade, era um semideus, pois tinha sangue humano e divino em suas veias.
A imagem representada de Baco
O deus Baco na história e nos mais diversos tipos de artes é representado de diversas formas que vale a pena observarmos para analisar e tentar o entender mais esse ser mitológico e intrigante. Nas imagens mais comuns que são propagadas desse deus, podemos observar a presença de diversos adornos como cachos de uva, folhas de videiras, cálices de vinho, Chifres, Tirso ( Cajado ) e diversos tipos de animais sempre em volto a símbolos da natureza. Seguem algumas descrições representativas do deus do vinho.
O deus Baco na história e nos mais diversos tipos de artes é representado de diversas formas que vale a pena observarmos para analisar e tentar o entender mais, esse ser mitológico intrigante. Nessas imagens podemos observar a presença de diversos adornos como cachos de uva, folhas de videiras, cálices de vinho, Chifres, Tirso (Cajado) e diversos tipos de animais sempre em volto a símbolos da natureza. Seguem algumas descrições representativas do deus do vinho.
Um jovem, cabelos grandes, com pequenos adereços de folhas de parreiras e cachos de uva na cabeça. Essa descrição é a que talvez a que podemos ter observando a obra “ O jovem Baco “ do mestre do barroco italiano Michelangelo Merisi da CARAVAGGIO.
Na obra literária de CAMÕES “ Os Lusíadas “ ele aparece ao tentar evitar a chegada dos portugueses nas Índias.
Conhecido como Baco indiano, a aparência mais velha, mais madura, com barba longa, com traços e expressões que transmitem um caracter de um sábio oriental, digno e tranquilo.
* O Baco com chifres de carneiro ou touro, geralmente aparece adornando moedas e nunca estátuas.
O quartzo de Baco
A pedra ametista é uma variedade de quartzo na cor violeta ou púrpura, muito usada para os mais diversos fins decorativos. O seu nome é do grego a, “não” e methuskein, “intoxicar”, de acordo com a antiga crença , essa pedra protegia seu dono da embriaguez. Diz a mitologia lendária que Baco após ter “cortejado” e se “envolvido” com uma linda ninfa a transformou numa pedra preciosa, pois já que não queria que a relação perdurasse. Essa pedra foi a Ametista.
Outro fato lendário é que o deus Baco recolheu o cristal e o mergulhou em vinho, o que deu a cor “roxa” tão característica da pedra. Há quem acredite que a pedra ametista é capaz de transformar a água em vinho. Será ? Essa é a pedra oficial do curso de Letras, utilizada nos anéis de formatura, simbolizando o “esclarecimento”. Devido tantas correlações mística sobre essa pedra, alguns Bacolovers consideram essa pedra uma espécie de amuleto.
A Cultura de Baco através das Civilizações
A cultura, a arte, o teatro, a literatura, a gastronomia e sobretudo a cultura vínica como um todo foram bastante influenciadas pelos ensinamentos do deus Baco. Eventos denominados “As Grandes Dionísias”, realizadas na cidade de Atenas, no início da primavera, duravam dias e tinham como objetivo celebrar o deus do vinho, Dionísio (Baco). Esses eventos eram de grande valor cultural, devido conter festivais de poesias , procissões, peças teatrais e diversas outras atrações, tento no plano de fundo sempre o vinho.
Os romanos promoviam em diversas cidades os famosos Bacanais, muito semelhantes aos gregos, com o intuito de celebrar também o deus do vinho Baco. Ofereciam a bebida aos deuses e festejavam. Há quem diga que essas festividades influenciaram até as festas afro-brasileiras com o mesmo objetivo cultural forte, presentes sempre a dança, as músicas e a bebida.
A cultura vínica é muito forte sobretudo no continente europeu, onde ela está presente no dia a dia desses povos, mas foi difundida em todos os continentes do globo. Penso que o que a torna essa cultura tão fascinante, é o verdadeiro mar de conhecimentos que podemos adquirir, e podermos viajar através do tempo, das civilizações, nos seres mitológicos, nos seres mortais e a cada dia agregando saúde e desfrutando ainda mais a vasta riqueza que os conhecimentos que o Mundo de Baco nos permite agregar.
Desejo a todos os leitores deste artigo, EVOÉ !!!
Esse era o grito de evocação proferido pelas pelas bacantes “sacerdotisas – discípulas” que cultuavam Baco. Tinha sentido de felicidade, de alegria, uma expressão de entusiasmo e/ou exaltação.
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