A região espanhola que compreende D.O. Rueda tem longa história na produção de vinhos de qualidade. No século XV esta zona territorial pulsava como o centro de mercado de lã das ovelhas da raça Merina, e com este apelo, muitos comerciantes da Europa visitavam à negócios a área e também conheciam os seus vinhos com qualidade diferenciada, estimulando assim o seu comércio também. Os vinhos desta época remetiam em semelhança ao vinho generoso Jerez, com o perfil oxidativo e com alto teor alcoólico, que se conservavam ao longo do tempo, nas longas viagens que eles realizavam.
A Denominação de Origem Rueda
A Denominação de Origem Rueda compreende 72 municípios da Província de Valladolid, 17 municípios de Segovia e 2 municípios de Ávila, está localizada entre a D.O. Toro e a D.O. Ribeira del Duero. O rio Duero e seus afluentes percorrem o norte da região. A sua regulamentação ocorreu em 1980, sendo a primeira de Castilla y León onde está cravada.
Após o declínio da região devido a grande praga da Filoxera, a alavanca de retomada do setor vitivinícola no território só veio ocorrer em 1970, quando a famosa Bodega Marquês de Riscal transferiu toda a produção de seus vinhos brancos para esta área espanhola, dando um salto no patamar ao setor. Outros produtores inclusive internacionais também começaram a investir, observando as peculiaridades do terroir regional, que apresenta condições favoráveis para a produção de vinhos com qualidade e com preços competitivos.
Terroir de Rueda
O terroir de Rueda apresenta detalhes importantes que o torna único, com boa amplitude térmica que ajuda a preservar a acidez e elevadas horas de sol ao ano, que favorece o equilíbrio entre açúcares e ácidos. Com um clima continental, com invernos longos e frios, primaveras curtas podendo sofrer com geadas e verões calorosos e secos mas com noites frescas, a região localiza-se em 700 a 800 metros de altitude do nível do mar.
O nível pluviométrico é baixo com escassas chuvas, o que faz com que a videira trabalhe mais o seu sistema radicular em busca da hidratação. Os solos são calcários, argilosos, pedregosos e com boa drenagem, pobres em matéria orgânica, mas ricos em cálcio e magnésio.
Cepas permitidas na D.O. Rueda
Verdejo
Casta autóctone e rainha da D.O. Rueda, adaptada aos climas duros e aos solos da região. Ela configura e comanda o perfil dos vinhos de Rueda. Pode produzir vinhos de estilos variados, podendo ser de estilo para consumo jovem ou ser trabalhada para vinhos mais envelhecidos e com complexidade, também produz o vinho Rueda Dorado, que é o vinho com o perfil oxidativo da Denominação.
Quando pensamos no terroir de Rueda, logo se vem em mente os seus vinhos brancos. A casta Verdejo domina o encepamento da região e com ela são produzidos vinhos magníficos. O Conselho Regulador da Região de Rueda autoriza entre as brancas a Verdejo, a Viura, a Sauvignon Blanc e a Palomino Fino, sendo esta última só admitida o uso na produção dos vinhos certificados, com as matérias-primas das vinhas que já estão plantadas. A partir de 2008 ficou admitido a produção de vinhos tintos com as castas Tempranillo, Cabernet Sauvignon, Merlot e Graciano, mas são raros e não tem números significativos na região.
Vinhos de D.O. Rueda
Os vinhos brancos ao qual a região é tão conhecida estão divididos em estilos: Rueda verdejo, Rueda, Rueda Sauvignon, Rueda espumoso e Rueda Dorado(Pálido).
Os vinhos de Rueda possuem características aromáticas expressivas e potentes, com intensidade de fruta e flores, em geral são frescos e suaves, mas também podem apresentam-se com mais corpo, estrutura e complexidade aromática e em sabor, dependendo do método de vinificação, possuem um detalhe interessante no final de boca que é um amargor.
Harmonização com Vinhos de Rueda
Em regra geral quando se pensa em harmonização com vinhos brancos, geralmente não se coloca a primeira vista a possibilidade de pairing com carne vermelha, sobretudo quando o enófilo está iniciando neste fantástico mundo de perceber as nuances entre a comida e o vinho.
Mas o que é certo é que não existe regra engessada que não possa ser quebrada, e isso vai depender dos ingredientes e do perfil do vinho escolhido. Neste caso dois vinhos Ruedas com a mesma casta Verdejo foram submetidos a esta sugestão com um entrecorte grelhado na brasa acompanhado de batatas e pimentão assado. Um dos néctares foi produzido sur lies e o outro foi fermentado em barrica. Ambos apresentando corpo, estrutura, complexidade e 13,5% de álcool, marcados com sutis diferenças em nariz e em boca. Uma boa sugestão de casamento, que veio compor-se na hora certa, pois a viagem foi longa e precisava ser reabastecida e acarinhada com essas delícias de Rueda.
Enoturismo
A região possui grande oferta de possibilidades para o enoturismo, disponibiliza visita a inúmeras Bodegas com perfis e dimensões diferentes. Vale a pena consultar os sites de cada uma, para conhecer os dias e horários de funcionamentos, e assim degustar grande quantidade de vinhos de Rueda com visões diferentes de cada empresa e do enólogo que comanda a sua produção.
Finalizo com a grata satisfação de ter conhecido mais este terroir espanhol e ter sentido a verdadeira essência e a dimensão desta região tão famosa pelos seus vinhos brancos com a casta Verdejo. Desejo boas provas a todos e saúde !
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