A palavra perlages deriva da palavra francesa “perles” que significa pérolas. Os vinhos que apresentam gás carbônico e que lembram aos belos colares de pérolas recebem vários nomes dependendo do local onde são produzidos, o tipo de vinificação e algumas regras de entidades reguladoras. Podem ser chamados de Espumantes, Champagnes, Franciacortas, Corpinnats, Cavas, Sparkling Wines, Proseccos, Sekts, Crèmant e etc. Hoje no mercado há inúmeros estilos, origens e cores de espumantes disponíveis aos consumidores e existe uma enorme oferta dos mais variados tipos de produtos, com diferentes preços, com diferentes porcentagens de açúcar residual, com diferentes métodos de produção e diferentes castas usadas. E tantos produtos assim e em franco crescimento de consumo global destes tipos de vinhos, muitas vezes podem deixar os consumidores em dúvida de qual consumir em determinado momento. A seguir preparei algumas curiosidades sobre esta bebida que inspirou o Dom Pérignon a proferir a célebre frase “estou bebendo estrelas“.
A American Association os Wine Economist (AAWE) publicou recente em suas redes este gráfico com diversas fontes que evidenciam o crescimento do consumo global dos vinhos com perlages entre 1960 a 2022. Neste gráfico este segmento de vinho está representado pela cor amarelo.
1. RESUMO DOS DOIS PRINCIPAIS MÉTODOS
Método Champanoise
Esse método é chamado também de método Clássico ou Tradicional e na África do Sul os sparkling wines elaborados com este método recebem a denominação de Cap Classique. O método se inicia com um vinho base selecionado pelo enólogo ou produtor e a segunda fermentação acontece dentro da garrafa por meses ou até anos dependendo do produto, o vinho fica em contato com as leveduras ou seus resíduos conhecidos por “lees“, durante este período de autólise o vinho vai adquirindo muito mais complexidade e detalhes organolépticos diferenciados. Os produtores têm imenso trabalho e são extremamente detalhista em todas as etapas do processo envolvido, o que gera um produto com mais sofisticação, com mais tempo de vinificação e que contribui para produção de um vinho muito mais nobre e elegante. Os grandes espumantes podem durar décadas e ainda estarem divinais para o consumo.
Método Charmat
Já o método Charmat que foi inventado pelo enólogo italiano Frederico Martinotti, mas patenteado pelo pelo francês Eugène Charmat em 1907 é caracterizado pela segunda fermentação acontecer em enormes tanques de aço inox , em cubas fechadas “autoclaves”, são produzidos em maiores volumes, em larga escala e seus preços costumam ser infinitamente mais baratos devido o custo de produção ser muito menor e suas qualidades organolépticas serem menos complexas quando comparados com os vinhos produzidos pelo método tradicional, os tornando muito mais democráticos e acessíveis ao público geral.
2.SOBRE O TEOR DE AÇÚCAR
Quanto ao teor de açúcar os espumantes na União Europeia podem ser classificados como:
Brut-Nature – 0 – 3g de açúcar por litro
Extra-Brut – 0 – 6g de açúcar por litro
Brut – 0 – 12g de açúcar por litro
Extra-Sec (ou Extra-Dry) : 12 – 17 g de açúcar por litro
Sec (ou Dry17) : 17 – 32 g de açúcar por litro
Demi-Sec (ou Medium-Dry): 32 – 50 g de açúcar por litro
Doce: mais de 50 g de açúcar por litro
Quanto ao teor de açúcar os espumantes no Brasil podem ser classificados como:
Nature – 3g de açúcar por litro
Extra-Brut – 3,1g – 8g de açúcar por litro
Brut – 8,1g – 15g de açúcar por litro
Seco – 15,1g – 20g de açúcar por litro
Semi-doce – 20g – 60g de açúcar por litro
Doce – superior a 60g de açúcar por litro
3.DICAS DE SERVIÇOS
Após decidir qual o estilo de espumante você irá servir, se atente a temperatura ideal, que deve ser entre (6° à 8°C). Quanto a forma de abrir nunca sacuda a garrafa para não desperdiçar nenhuma gota dessa delícia, retire a cápsula que geralmente é metálica e após afrouxe a gaiola, em seguida pressione o seu dedo polegar sobre a rolha e gire a garrafa, tente não fazer barulho ou obter o som bem discreto, é assim que os profissionais abrem os espumantes. Após abrir a garrafa se for servir em taças estilo flute ou tulipa não ultrapasse 2/3 de vinho, se optar por outro estilo com bojo maior para melhor avaliar o vinho sirva só o suficiente para análise e depois pode ir servindo mais caso a pessoa deseje.
Antigamente se ensinava que devíamos avaliar as perlages em taça, observando se o produto apresentava bolhas finas, persistentes e se formava coroa, mas na atualidade sabe-se que devido aos mais variados estilos de taças, de materiais e até a forma que foram limpas esta avaliação pode nos levar a cometer enganos, por isso em época contemporânea os profissionais do vinho, gostam de avaliar as perlages quanto ao ataque em boca que as bolhas provocam, se é um delicado mousse ou se é mais agressivo. Outra informação preciosa e até de etiqueta dentro do mundo dos vinhos é não pegar no bojo da taça e sim na haste ou base, independente se você já viu alguma celebridade cometer esta deselegância, o motivo deste “ato de descuido” é para não passar a temperatura da sua mão para o produto, o levando a aquecer mais rapidamente e também para não deixar a taça cheia de impressão digital e com marca da mão, tornando a imagem deselegante.
4.Alguns Detalhes da História dos Champagnes
A história do mais famoso vinho do mundo com perlages teve seu início na França, no século XVII, na região de Champagne. Essa região francesa sempre foi produtora de vinhos tranquilos brancos e tintos. Nesse período histórico os vinhos eram comercializados em tonéis, e como fator de desvalorização, caracterizavam-se por apresentar uma tendência efervescente, que era um grande entrave para a conservação e para o transporte para os locais mais distantes. Com a invenção das garrafas em 1680 pelos ingleses, a comercialização dos vinhos ganhou maior praticidade. A partir daí começaram os problemas para os vinhos da região de Champagne, que sofriam uma segunda fermentação na garrafa, pressurizando lançando as rolhas longe e explodindo as garrafas, situação extremamente perigosa e crítica economicamente.
Dom Pérignon, monge beneditino e tesoureiro da abadia de Hautvillers era responsável pelos vinhos e teve a missão de solucionar esse problema desta segunda fermentação. Sendo assim, ele começou a estudar esse fenômeno e compreendeu que o que ocorria era devido ao gás carbônico (CO2), recomendando assim, que as garrafas fossem reforçadas em seu fundo.
Segundo a tradição, conta-se que, ao abrir uma garrafa que estava com a rolha, Dom Pérignon foi surpreendido pela espuma da bebida, hoje o que chamamos de mousse, e quando provou, disse “estou bebendo estrelas”. Dom Pérignon foi quem mais se dedicou ao processo da segunda fermentação na garrafa, chamado de método Champenoise, como explicado acima.
Dom Thierry Ruinart, era também um monge e amigo de Dom Pérignon, eles tiveram uma grande participação na história dos vinhos Champagnes. A histórica marca do Champagne “Ruinart”, o mais consumido na atualidade pelos franceses, foi a primeira a comercializar o vinho Champagne. Os relatos são que em 1729, após o rei Luís XIV permitir o armazenamento dos vinhos em garrafas, o Nicolas Ruinart, que foi um habilidoso comerciante criou a Maison “Ruinart”. Mas um detalhe é bem curioso nessa história, pois as primeiras garrafas nem chegaram a ser vendidas, devido elas terem sido oferecidas aos melhores clientes de Ruinart, gentileza essa replicada até os dias atuais por empresários com visão de agradar e surpreender seus clientes presenteando com vinhos.
Mapas das cinco sub-regiões de Champagne, onde dominam as castas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier.
Por volta do século XVIII, sabendo que estava na região das crayères, que são grutas e túneis subterrâneos construídos na época dos romanos, Nicolas decidiu usar esse local embaixo da terra como adega natural para envelhecer as garrafas de Champagne e até os dias de hoje são utilizadas. Ao passar o tempo, diversas outras empresas de Champagnes pareceram no mercado e se instalaram na mesma região. Por ter chegado em primeiro lugar nessa área, a marca “Ruinart” obteve a garantia por maior número crayères, cerca de 25% das que existem em Reims, e as mais profundas, com 40 metros de profundidade.
Por aqui finalizo estas curiosidades sobre um dos vinhos mais nobres e também mais democráticos do mundo, os vinhos com perlages sempre são associados a celebrações, festividades, comemorações e muita alegria. Vale sempre lembrar que esse versátil vinho pode ser consumido no dia a dia das pessoas, pois são frescos, agradáveis e muito elegantes. Podem ser servidos desde welcome drink , acompanhando uma refeição completa, à beira da piscina, nos passeios de barcos e nos encontros com os amigos e familiares.
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