O Alentejo é uma belíssima região portuguesa, conhecido por sua extensa área geográfica de planícies a perder de vista. É essencialmente rural e pouco povoada, ocupa cerca de 1/3 do território português, sendo assim, a maior região e também uma das maiores regiões vitivinícolas do país. É divididos em 8 Sub-regiões : Portalegre, Borba, Redondo, Évora, Reguengos, Granja-Amareleja, Vidigueira e Moura.
Os visitantes inadvertidos podem ser verdadeiramente surpreendidos com inúmeras paisagens e cheias de diversidade que vão desde o litoral interior, com montanhas e vastas planícies, permitindo produzir vinhos de qualidade excepcional e também vinhos em volume que permitem atingir diversos patamares de consumo. O Alto Alentejo é uma dessas áreas alentejanas que me despertaram verdadeira paixão.
Esta região tem seu relevo caracterizado por vastas planícies, de onde sobressaem-se a serra de São Mamede, localizada ao norte e chegando a 1025 m de altitude, a serra de Ossa, que fica na região mais Central do Alentejo com 649 m de altitude e a serra de Portel, mais ao sul, com 421 m de altitude acima do nível do mar.
Por ter uma enorme área, esta região tem uma grande diversidade de tipos de solos, o que possibilita uma distinção nos vinhos produzidos nas oito sub-regiões do Alentejo. Caracterizados pela escassez de nutrientes provindos de matérias orgânicas. Os solos alentejano possuem fertilidades diferentes de acordo com a sua estrutura e os componentes geológicos em cada sub-região. A exemplo da sub-região de Portalegre onde ocorrem diversas manchas de solo distintas como desde solos derivados de arenitos, granitos , ou até de xisto até a solos com características de coloração vermelho-amarelo de origem não calcária.
Um aspecto importante na composição do solo é o fato da capacidade de retenção de água, o que pode variar de acordo com estrutura dos próprios solos, sendo que muitas vezes os produtores recorrem ao sistema de rega gota a gota nos pés das videiras para ajuda-las em momentos de crise hídrica elevada, afinal o Alentejo tem cerca de 3000 horas de sol ao ano.
Os vinhos alentejanos começam a ganhar cada vez mais destaque no que diz respeito a vinhos de qualidade. São vinhos cheios e de forte exuberância de aromas, são redondos e suaves, capazes de serem bebidos cedo, mas também já há muitos que sabem envelhecer. Inúmeras castas são produzidas, sendo as mais importantes tintas Aragonez, Castelão, Trincadeira, Alfrocheiro e as brancas Antão Vaz, Arinto, Fernão Pires (conhecida como Maria Gomes na Bairrada ), Rabo de Ovelha , Perrum e Síria. Visitei um produtor que me chamou muita atenção, pois mesmo pelo baixo índice de produtividade está produzindo um Syrah fantástico.
Há uma casta muito produzida no Alentejo e que merece o meu destaque que é Alicante Bouschet, essas casta de origem francesa é um belo exemplo de curiosidade, pois apresenta-se exigente e cheia de particularidades em seu cultivo, possui além da pele a sua polpa tinta , possibilitando também dar muito mais cor ao vinho e quando em vinhos varietais trás a sua identidade estampada, mas forma também maravilhosos vinhos de lote.
Os vinhos tintos tem corpo e são muito equilibrados, a sua cor pode ser um rubi bem definido ou granada. Possuem aroma e sabor frutado, evidente frutos vermelhos, já a sua textura é macia, quente, maduro tem um pouco de adstringência.
Já os brancos apresentam cor palha ou citrina, com corpo e equilíbrio. Os vinhos do Alentejo beneficiam-se ainda de um terroir, de um enquadramento social, paisagístico, histórico e cultural que os tornam singulares.
O vinho de talha é uma tradição trazida pelos romanos, faz-se o vinho em grandes potes de barro ou talha , onde tem uma dupla finalidade, a produção e a armazenagem do vinho. Esse vinho é vinificado somente na talha, sem estágio em barricas. Essa técnica que vinha sendo timidamente mantida no Alentejo, agora foi retomada por grandes produtores vitivinícolas, e esses produtos tem chegando às cartas de famosos e requintados restaurantes.
Uma bela curiosidade que compartilho é o achado arqueológico que data meados do século I / início do século II, na vila de Ammaia ( Alto Alentejo ) de uma ânfora . Segundo a descrição que li este objeto comportava 25 litros.
http://www.ammaia.pt/pagina,7,157.aspx
Segundo citação de uma publicação da Fundação Cidade de Ammaia, “na Antiguidade, as ânforas eram o que hoje são as garrafas e latas, recipientes de tara perdida que viajavam e se adquiriam pela importância do que traziam e não pelo seu valor enquanto cerâmicas. Por isso, estes contentores assumem especial relevância para o conhecimento das relações entre diferentes lugares, porque se presume ser o local de fabrico do vasilhame o mesmo que o do produto transportado, sendo o local onde se encontra a ânfora o seu destino final, ou seja, o lugar onde se consumiu o conteúdo.”
Ao percorrer muitos quilômetros por toda a extensão do Alentejo, pude observar que existem outras fontes econômicas que não o vinho sendo produzidas na região, a exemplo tem-se a extração de diversas pedras, cortiça e a pecuária que também têm a sua importância , juntamente com muitas outras culturas de lavouras consorciadas as áreas de pastagens.
Portugal é o responsável por 55% da produção mundial de cortiça. A extração da cortiça é um processo controlado que não requer a morte dos sobreiros, pelo contrário, contribui para a sua regeneração. Em todo o mundo são produzidas 12 mil milhões de rolhas por ano. Existem vários vestígios da utilização da cortiça pelos povos do antigo Egito e na civilização romana. Nos dias atuais continua a ser usada para contribuir na conservação e permitindo o envelhecimento e o “respirar” do vinho.
Há inúmeros locais para visitar no Alentejo e se deliciar com maravilhas de diversas opções de enoturismo, rotas históricas-culturais e até mesmo se deslumbrar com a gastronomia alentejana, rica em ervas que saborizam delicadamente os belos pratos que nos são servidos.
Existe um local que gosto imenso, que é a Herdade da Rocha, situada na cidade do Crato bem ao norte do Alentejo, próximo da serra de São Mamede e que dispõem de um hotel boutique encantador, a visita a adega cheia de desings, aos vinhedos e a propriedade é um dos pontos altos do local e vale informar aos que leem esse texto, que possui um campo de golf, passadiços com vistas incríveis para a propriedade, bicicletas para passeios, uma bela piscina para relaxar e se refrescar na época do calor, um serviço gastronômico formidável alentejano e diversas outras opções de distrações e diversões.
Me despeço com um até já , como se diz por aqui em Portugal e desejo que quando estiverem no Alentejo tenham experiencias fantásticas e possam desfrutar de bons vinhos e da vida .
Saúde, Santé, Cheers, Grazie, Nasdravije, Evoé !!!
Fontes:
CVRA – Comissão Vitivinícola Regional Alentejana www.vinhosdoalentejo.pt
http://www.ammaia.pt/pagina,7,157.aspx
https://www.facebook.com/MundodosVinhosporDayaneCasal/
https://www.instagram.com/dayanecasal
https://www.twitter.com/dayanecasal
3 Comentários
Fantástico Sempre ouvir falar do Alentejo mais não mensurava o tamanha e extensa. Área parabéns. Super Dayane. Você e de outro BN planeta
Magnífico esse grande encontro de cultura, culinária, geografia, história, trabalho, turismo e VINHO!
Esse surpreendente Alentejo, é de fato um convite para que possamos buscar enriquecimento cultural, gastronômico e principalmente sobre o Mundo Vínico!
Parabéns!
Prim
Parabéns pelo texto sobre o Alentejo. Muito ineressante.