Por muito tempo os vinhos rosés foram considerados sinônimos de vinho de beira de piscina, de verão e até acreditem “vinho das mulheres”. Talvez isso acontecesse devido os vinhos rosés terem cores alegres, serem vibrantes, refrescantes, descontraídos e devido sobretudo a maneira que eram de modo geral vinificados, onde os componentes primários eram o que se destacavam e sugeria-se o seu consumo para os primeiros anos. Mas o que estamos vendo no mercado é um forte movimento de produção de rosés gastronômicos, e com excepcional qualidade técnica em seus processos de vinificações, que buscam até assegurarem a capacidade de guarda por décadas e agradando a todos os gêneros, sobretudo as pessoas que desejam obter sensações únicas provocadas por grandes vinhos em suas minúcias de complexidade.
Atualmente os rosés são produzidos em quase todos os países produtores de vinho e com uma enorme variedade de tipos de castas, de diferentes tons e várias formas de vinificação. Recebem diversos nomes em vários países como rosato na Itália, rosado na Espanha, blush wine nos Estados Unidos e é chamado de rosé na França, no Brasil e em Portugal. Neste artigo abordarei aspectos importantes na produção de um dos mais fantásticos vinhos rosés do mundo que provei, o Rosa Celeste da Alves de Sousa, revelando o porquê determinados néctares se tornam tão especiais.
Matéria-prima
Importante ressaltar que a produção do Rosa Celeste é extremamente limitada e até os dias de hoje só foram colocadas no mercado pelo produtor duas safras, a 2020 e a 2021. Quem é do universo do vinho percebe bem quando um enólogo sempre faz a ressalva que o bom vinho inicia-se na vinha, pois tendo uma matéria-prima irrepreensível em qualidade, a probabilidade de produzir grandes vinhos aumenta bastante. E quando o assunto é a produção de um rosé com qualidade excepcional, obter as melhores matérias-primas para este estilo de vinho que se deseja, se torna crucial.

As matérias-primas foram produzidas no Vale do Douro na sub-região Baixo Corgo em Portugal, à 450 metros de altitude, com exposição ao nascente em solos xistosos. As castas escolhidas para compor estes lotes de 2020 e 2021 foram a Tinto Cão e a Touriga Nacional, na primeira safra foi 70% e 30%, já na segunda 80% e 20% respectivamente. Um detalhe valioso para opção de utilizar estas castas é a quantidade de antocianinas presentes nas películas e claro os outros fatores como a quantidade de compostos aromáticos e de sabor, além da boa acidez que também compõem um qualitativo vinho
Vinificação e Estágio
Os rosés em geral podem ser vinificados por três métodos, a prensangem direta, a maceração curta ou o loteamento de vinho tinto com vinho branco. O Rosa Celeste foi submetido a um processo de vinificação por prensagem delicada e decantação, e em seguida a sua fermentação foi realizada em barricas no período de 10 dias.

Tiago Alves de Sousa, PhD
Diretor e Enólogo da Alves de Sousa
Um importante aspecto na produção desses novos rosés gastronômicos é estagia-los, por diferentes protocolos e diferentes tipos de recipientes. Cada técnico opta por melhores estratégias para se obter as características do estilo de rosé que se deseja. O Tiago Alves de Sousa, enólogo responsável e que assina pela produção deste brilhante rosé, optou por estagiar o vinho por 12 meses em barricas de carvalho francês, onde 60% destas barricas eram de 2ºano e com capacidade de 225 litros e 300 litros e mais 40% de barricas novas com um detalhe interessante, com tostas por convexão e com capacidade de 500 litros. Outro fator técnico que contribui para a capacidade de longevidade deste vinho, foi ter sido submetido a “bâtonnage” durante o processo. Na safra 2021 o único detalhe que foi alterado da safra 2020, foi que não foram utilizadas barricas de 225 litros.
O Vinho Rosa Celeste
Quando estamos diante de grandes vinhos difícil não se emocionar, os principais componentes que destaco neste vinho são elegância, delicadeza, equilíbrio, complexidade, e versatilidade. Conseguir elevar a qualidade da vinha ao vinho com o toque especial de um trabalho técnico de enologia primoroso, sem dúvida é o que a Alves de Sousa fez na produção deste néctar digno de Baco.
Eu o cheguei a provar antes do lançamento da primeira safra, ainda estava em barrica, já na ocasião não passava desapercebido por quem gosta de grandes vinhos. O lançamento em 2022 da safra 2020, foi para marcar os 30 anos da Alves de Sousa. A escolha do nome do vinho foi de uma figura feminina da mais alta importância para a família, a avó Celeste, um símbolo de homenagem que perpetua as vinhas da icônica e mítica Quinta da Gaivosa, onde seu filho Domingos Alves de Sousa construiu um grande patrimônio vitivinícola no Douro, fruto de um trabalho heroico e que hoje tem a sua família toda envolvida. Além do aspecto da grande carga emocional que carrega a sua história, o rosé Rosa Celeste é apresentado ao mercado com um cuidadoso trabalho de branding de imagem, numa caixa individual caprichada, uma garrafa com formato de design moderno, um delicado lacre com letras prateadas e uma rolha criteriosamente escolhida, uma bela apresentação de vinho, que pode ser um grande presente a alguém. Que fique registrado, que já me presenteei com essas garrafas.



O vinho apresenta 12,5% de teor de álcool, é um vinho seco com 2g/d𝑚3 de açúcares totais, excelente acidez, e que vai mostrando os seus encantos em camadas envolventes com os seus aromas e sabores sutis e complexos conforme vamos o apreciando. O interessante de degustar grandes vinhos como este, é poder desfrutar de um grande vinho e também de uma boa mesa, pois ele é um belo convite para um acompanhamento gastronômico.
Sugestões de Harmonização
Um vinho com esta classe e sofisticação possui uma fantástica capacidade acompanhar diversos pratos e compor diversos pairings com extrema versatilidade. Com a sua elegância e acidez ele casa bem com pratos de pescados e mariscos que contenham molhos cremosos e especiados, a com a sua complexidade possibilita diversas outras harmonizações. Fui surpreendida com uma harmonização que a princípio parecia inusitada para este vinho, um “rabo de boi, chutney de cebola roxa e maionese de coentros“, mas o que parecia ser improvável, casou perfeitamente. Adorei e recomendo que experimentem até outros pratos e depois partilhem comigo o que acharam.


Por fim, espero que estas informações que compilam a história do grande vinho rosé Rosa Celeste e as minhas próprias percepções possam lhe abastecer de informações dentro do universo do vinho. Se você gostou deste artigo, deixe seu feedback aqui nos comentários abaixo.
Desejo excelentes provas e saudações báquicas !
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