
Uma das mais famosas e apaixonantes regiões vitivinícolas da Itália a Toscana preserva lindíssimas paisagens, arquiteturas, artes, gastronomia e a própria alma deste país. Seu nome deriva da palavra em latim “Tusci”, nome dos povos, os Etruscos, que habitavam a região entre o rio Arno e o Tigre na época da idade do Bronze. Inúmeras pessoas sonham em visitar esta região, para ter o prazer em ver in loco a linda panorâmica italiana onde reinam os ciprestes, as oliveiras e as tão amadas plantas de Baco, as videiras, que embelezam colinas e vales, chegando até as planícies da costa marítima.
Breve Descrição da Região

A Toscana foi demarcada em 1716 e geograficamente está limitada pelos Apeninos, cadeia de montanhas que está presente no coração da península italiana e com a costa banhada pelo mar Tirreno e o da Ligúria. Classifica-se em 3 grandes áreas vitivinícolas, a região norte montanhosa onde está Chianti, as colinas e vales localizadas no sul e uma área costeira plana. Essas diferentes áreas possibilitam uma influência direta com a grande variedade de micro-climas e em tipos de solos diferentes dentro desta magnífica região. O clima quente pode ser amenizado pela plantação de videiras em altitudes ou também pela brisa marítima no caso da costa. Há diversos tipos de solos como vulcânico, argilosos, calcário, giz e pedregoso.
Áreas Importantes Dentro da Toscana
Chianti, Montalcino, Montepulciano e Bolgheri são as quatro áreas vitivinícolas mais importantes da região. Apresentam características diferentes em seus terroirs e na produção vitivinícola, que proporcionam produzir vinhos de qualidade ímpar e tão diferentes.
Esta é a mais emblemática paisagem e a maior área dentro da Toscana, a sua maior extensão se encontra nos sopés dos Apeninos e os seus vinhedos variam em altitudes de 250 m a 500 m acima do nível do mar. O Chianti Classico DOCG tem grande destaque por sua qualidade e por suas regulamentações de envolvem regras de no mínimo de 80% de Sangiovese na produção do vinho, podendo ser produzido blends com Canaiolo, Colorino, Cabernet Sauvignon e Merlot, mas há produtores tradicionais que preferem produzir 100% com a Sangiovese.
A legislação regulamenta o tempo de 12 meses mínimos de envelhecimento, para os da denominação Riserva são necessários 24 meses, sendo 3 meses no mínimo de afinamento em garrafa e existem os especiais Gran Selezione onde as regras são bem mais rígidas e portanto só é permitida a utilização de uvas provenientes de uma propriedade e com estágio de mais 6 meses além do exigido para o Riserva. Outras subzonas compõem o cenário cinematográfico de Chianti e também produzem vinhos apreciados por muitos enófilos mundo a fora, essas são Chianti Montalbano, Chianti Rufina, Chianti Colli Fiorentini, Chianti Montespertoli, Chianti Colli Senesi, Chianti Colli Aretini e Chianti Colline Pisane.
Montalcino é o nome de uma cidade montanhosa da Toscana que dá nome a um dos grandes vinhos italianos chamado de Brunello di Montalcino DOCG. Esta área demarcada de produção vinícola apresenta um clima quente e seco semelhante os da costa da região e apesar de seus vinhedos estarem implantados em altitudes menores que a dos Chianti Clássico, no sul dela está o monte Amiata que apresenta uma altitude elevada de 1700 m e que funciona como uma espécie de barreira de proteção contra os fortes vendavais de verão. O solo é mais rochoso e apresenta menor fertilidade.
Algo interessante quanto ao nome Brunello é que foi dado a um clone de Sangiovese selecionado por uma família italiana na área “di Montalcino” e que teve muito sucesso em produzir vinhos de qualidade ímpar. Outro dado curioso é o enorme aumento de área plantada de vinhas que foi de 60 ha na década de 60 para os 2000 ha na atualidade. As regras da entidade que regulamenta o vinho Brunello di Montalcino DOGC exige que só se utilize a casta Sangiovese e que obedeça o mínimo de 5 anos de estágio, sendo 2 anos no mínimo em barrica. O termo Rosso di Montalcino DOC refere-se a vinhos que não se classificam para o Brunello di Montalcino DOCG e que são lançados apenas com 1 ano de estágio.
A preciosa cidade de Montepulciano é circundada por vinhedos plantados com Prugnolo Gentile, nome de um clone local da Sangiovese, outras castas locais e também por castas bordalesas. Os vinhedos estão implantados em altitudes que variam de 250 m a 600 m em solos argilosos e com pedras calcárias, o índice pluviométrico da área gira em torno de 750 mm ao ano.
Aqui o vinho produzido chama-se Vino Nobile di Montepulciano DOCG e em suas regras devem possuir o mínimo de 70% de Sangiovese, mas há produtores que preferem utilizar 100%, tornando-se semelhantes em termos de casta ao Chianti Clássico. Ele devem ter no mínimo de 1 ano em madeira e 2 anos de estágios, os com a denominação Riserva devem ter mínimo 3 anos. Semelhante o que ocorre em Montalcino nesta área também existe um vinho denominado Rosso di Montepulciano DOC, vinhos que não atingiram qualidade para a denominação e que são colocados no mercado após 1 ano. Há também a produção do Vin Santo di Montepulciano, um vinho doce, de cor laranja, produzido geralmente a partir das castas Malvasia Bianca, Trebbiano e Grecherro Bianco, essas são desidratadas e depois fermentadas e estagiadas em barricas, esse vinho especial se tornou muito apreciado por especialistas em vinhos.
Localizada na região costeira Toscana entre o sul de Livorno e o Catagneto Carducci, como uma pequena área que de norte a sul possui 13 KM e de leste a oeste de 7 KM. As colinas em seu arredor formam uma proteção para a natureza local e a maior área de vinhas plantadas está nas planícies da costa do mar Tirreno em altitudes que variam de 10 m a 380 m. O calor é arrefecido pelas brisas do mar por cerca de 250 dias de ventos ao ano proporcionando uma boa ventilação constante e consequentemente sanidade aos vinhedos. As horas de sol e o reflexo dele também pelo mar ajudam as videiras a terem uma boa capacidade fotossintética. O índice anual pluviométrico gira em torno de 600 mm/ano. Os solos da região tem em geral origem marinhas e aluviais e num estudo realizado por um grupo de pesquisas detectou 27 fragmentos de tipos de solo em toda a área, evidenciando a enorme variedade de tipos de solos, por isso não há a prevalência de um tipo de casta só.
A complexidade e qualidade dos vinhos produzidos nesta área da Toscana sofre influência da enorme variedades de tipos de solos diferentes. Aqui nasceram os vinhos super-toscanos, produzidos por produtores rebeldes e que fizeram experiências muito positivas com as castas bordalesas. Desde a primeira regulamentação em 1983, houveram várias alterações nas regras, alargando-as e até criando um novo DOC, que comentarei em um próximo artigo. O vinho com a denominação Bolgheri Rosso DOC tem que estagiar por 1 ano no mínimo, o Bolgheri Superiore DOC por 2 anos sendo no mínimo e 1 ano em barrica e o Bolgheri Sassicaia DOC tem suas regras próprias onde se cultiva, estagia e engarrafa dentro da mesma área municipal.
Castas na Toscana

A Sangiovese tem nesta região o seu lar e é a casta mais plantada na Toscana e também no país. Esta variedade possui diversos clones e produz perfis de vinhos muito diferentes dependendo onde está sendo cultivada, normalmente possui uma maturação mais longa e quando plantada em altitudes necessita de um período maior de calor para completar a maturação fenólica. Ela geralmente produz vinhos com alta acidez e em taninos, com aromas de frutos vermelhos que podem variar de cereja vermelha, ameixa e ervas secas, quando em evolução em garrafa apresentam aromas e sabores de carne e até de caça. Outras cepas são plantadas no lar da Sangiovese, como a Canaiolo, Colorino, Trebiano, Malvasia Bianca e as internacionais Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Syrah, Sauvignon Blanc, dentre outras.
Alguns Vinhos Especiais
Vinhos com carater e cheios de qualidades indiscutíveis, prontos a beber e também para deixar o tempo trabalhar, varietais e blends, aromas e sabores intensos, ricos e refinados, elegantes e sofisticados para estarem nas mesas no dia a dia ou em datas comemorativas, assim posso resumir de forma simples os vinhos Toscanos que me tocam a alma. Ficam as imagens de alguns aqui abaixo.





Enoturismo na Toscana
Dentro das terras do maior país produtor de vinhos do mundo segundo a OIV, a Toscana além de paisagens apaixonantes, vinhos encantadores e de ser um ícone de disseminação histórica em artes, possui na atualidade o prêmio World’s Best Vineyards 2022, conquistado pelo produtor Antinori nel Chianti Classico, como o melhor enoturismo dentre 500 empresas concorrentes com projetos em todo o mundo, motivo que enche ainda mais de orgulho os povos da Toscana e faz com que essa lindíssima região que sempre esteve na rota de destino de viagem de inúmeros Bacolovers ao redor do mundo, possa ser incentivada de ser visitada também por todos que gostam além de vinhos, de riquezas históricas nas arquiteturas preservadas, artes sobretudo renascentistas, de natureza vislumbrando a perspectiva do mar e da montanha, de hotéis lindíssimos que oferecem SPAs maravilhosos e um clima ameno o ano todo.







Espero que esse artigo possa ser uma direção de informações vínicas sobre a Toscana e que você leitor possa se deliciar apreciando cada estilo de vinho aqui abordado, desejo boas provas.
Salute !



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