Essa história começa há 270 anos atrás, em 1752 na região de Catalúnia na Espanha quando o Sr. Francisco Carrau Vehils adquiri seu primeiro vinhedo, marcando a história de uma família do vinho. Na última década de 70 começa a jornada da família no outro lado do Atlântico, no terroir de Rivera na região de Cerro Chapéu no norte do Uruguai e agora a história desta família vinhateira já está na décima geração com a maravilhosa Bodega Cerro Chapeu, comandada por Francisco Carrau e Margarida Carrau.
Num ambiente de paisagens magníficas e muito peculiares com Cerros achatados, que são uma espécie de montanhas nativas e com solos de areia vermelha a Bodega Cerro Chapeu foi implantada com pioneirismo neste bioma, com uma arquitetura que faz analogia visual de um Cerro e com formato octogonal e onde o centro de enologia da empresa se localiza bem na região central da construção permitindo um controle rígido de tudo o que acontece na Bogega durante todo o período de vinificação pela sua equipe de enologia comandada pelo Professor PhD Francisco Carrau Bonomi, considerado o papa das leveduras do país.
O Uruguai é considerado o lar mais bem adaptado da casta Tannat fora da sua região de origem, a região francesa de Madiran, há quem afirme que o provável berço da uva Tannat é o território entre o sul da França e o País Basco, nordeste da Espanha, conhecido como a região dos Pirineus. Ela se tornou a casta rainha do Uruguai e em Rivera, na região de Cerro Chapeu com clima continental, solos arenosos de cor vermelha, profundos e pobres em nutrientes, a Tannat produz uvas com o teor de álcool muito mais moderados, taninos mais macios, menos agressivos, mais redondos e suaves. Todos esses atributos aliados a expertise profissional de enologia fazem da Bodega Cerro Chapeu, um dos melhores produtores de Tannat do Uruguai.
Reservo umas breves palavras para descrever a Tannat, casta que tanto agrada os enófilos e bacolovers e que faz tão bem a saúde devido aos seus altos índices de flavonóides, antocianas e resveratrol quando comparadas a outras castas. Ela é considerada uma casta tintureira, um termo que os portugueses utilizam para castas com mais cor, já no Sul da Itália o termo é o lacryma Christi “lágrima de Cristo”. Utilizada em vários blends, mas que também pode ser deslumbrante em vinhos varietais ela reina no Uruguai e existe um vinho produzido com ela, chamado Batovi que deixo aqui um convite a você leitor provar quando houver oportunidade.
O vinho Batovi elaborado a partir de uvas Tannat produzidas na parcela T1, considerada a melhor parcela da Bodega devido está na parte mais alta com solos mais profundos e com exposição solar impecável a implantação do vinhedo. As uvas são colhidas com a maturação fenólica completa e em excelente estado fitosanitário, passam por fermentação em tanque aberto, onde o bagaço é afundado através do método tradicional e evitando o bombeamento do mosto. A partir disso o primeiro mostro é deixado em 30% das novas barricas de carvalho, sendo metade de carvalho americano e metade de carvalho francês, onde a fermentação é finalizada com estágio de 15 meses. Um vinho que vem despertando paixões e com uma qualidade vínica impecável.
A Bodega produz outras castas e possui vários vinhos muito bem produzidos, inclusive com estilos diferentes, em visita pude provar até um fortificado produzido com a Tannat e a Pinot Noir, uma delícia e uma grata surpresa do anfitrião PhD Francisco Carrau Bonomi para mim.
Cinco Cepas Vinheria
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Um outro rótulo que vale como menção sem dúvida é o que carrega em seu nome do marco inicial de data do início dos trabalhos da família Carrau ao longo da história no mundo dos vinhos, o vinho 1752 , já disponível no Brasil para compras.
Há alguns detalhes interessantes de serem partilhados sobre esta região no Uruguai, como a passagem do Aquífero Guarani sob o solo da Bodega, e para quem não conhece esse Aquífero é uma enorme reserva subterrânea de água doce, ocupando 1 200 000 km², localizada em países da América do Sul, como o Uruguai, Argentina, Paraguai e em sua maior área está sob o solo do Brasil. A gastronomia da região é vasta, mas fica uma ressalva e sugestão para provarem o cordeiro, comi uma Paella de Cordeiro de sabor e aroma inesquecível.
Finalizo com uma reflexão de que o mundo dos vinhos é sem dúvida um grande atributo para aumentarmos nossos conhecimentos não só sobre vinho, esse néctar fabuloso e milenar, mas sobretudo enriquecermos o nosso “back ground” cultural através de tantos ensinamentos que podemos obter através dele.
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2 Comentários
Sra. Dayane gostei muito de sua matéria sobre a Bodega Carrau, em Rivera, Uruguay. Sou de Santana do Livramento, fronteira com Rivera. Vi o nascimento desta bodega, por passar na frente , duas vezes semana. Nunca tive oportunidade de chegar por achar que não recebiam visitas individuais. Conheci, há anos, a Bodega Chateau La Cave, em Caxias do Sul, que é da mesma empresa (ou era). Hoje, com 81 anos, sou grande apreciador de vinhos, tomo todas as noite e gostaria de provar um Tannat Carrau. Por valores, tenho tomado vinhos chilenos adquirido nos Free Shops. Veja como uma boa reportagem vai longe, recebi sua matéria de Santos-SP, porque, quem mandou, sabe que adoro um vinho. Desculpe ocupar seu tempo e espero que o Dr.Francisco Carrau possa tomar conhecimento desta minha menção. Abçs
Olá Sr. Nelson !
Obrigado pelo gentil comentário e parabéns por colocar o vinho diariamente em sua vida .
Votos de muita saúde !